CONVERSA NA EXPOSIÇÃO DE ANDRÉ GRIFFO NO PAÇO IMPERIAL

Neste sábado, conversa em torno da exposição “Alto Barroco”, de André Griffo, no Paço Imperial

Neste sábado, dia 12 de julho, às 15h, será realizada uma conversa com o artista André Griffo, com a curadora Juliana Gontijo e com a socióloga Christina Vital na Sala dos Archeiros, no Paço Imperial. A conversa, gratuita e aberta ao público, é parte da exposição “Alto Barroco”, que apresenta um panorama dos quatorze anos de trajetória de André Griffo e pode ser vista até o dia 10 de agosto de 2025, no Paço Imperial. Com curadoria de Juliana Gontijo, são apresentadas mais de 50 obras, entre pinturas e instalações, sendo muitas inéditas, que ocupam o pátio principal, três salões do primeiro pavimento e dois salões do segundo pavimento do centro cultural.

André Griffo – Altar Marajoara – Foto Edouard Fraipont

A exposição está dividida por temas, relacionando obras produzidas em diferentes épocas da trajetória do artista, apresentando trabalhos importantes como “Back to Olympia” (2017), “Sala dos provedores” (2018), “O Vendedor de miniaturas” (2021) e “Instruções para administração de fazendas 2” (2018), além de duas pinturas produzidas especialmente para a exposição e outras pertencentes a coleções particulares nunca antes expostas ao público. “Griffo é muito conhecido pelas pinturas em grandes dimensões. Por isso, a ideia foi também trazer outros suportes, técnicas e materialidades com os quais ele trabalha — que talvez sejam menos conhecidas ou menos referenciadas. Não se trata de uma exposição de pintura tradicional”, afirma a curadora.

Formado em Arquitetura e Urbanismo, Griffo iniciou sua produção no campo das artes visuais criando composições em que máquinas e estruturas mecânicas dividiam espaço com fragmentos de corpos — sobretudo de bois e porcos — em cenas densas, impregnadas de signos de violência e morte. A partir de 2014, o artista desloca seu foco para uma investigação pictórica em que a arquitetura, representada com precisão técnica, assume papel central, com pouca ou nenhuma presença humana. Nas obras mais recentes, Griffo revisita obras fundamentais da história da arte, apropriando-se de seus repertórios visuais para tencionar episódios históricos em que religião, poder e violência se entrelaçam.

André Griffo – Instruções para administração das fazendas II – Foto Rafael Adorjan
André Griffo – Olhos distantes se camuflam na paisagem #2 – Foto Flávio Freire

A pintura de André Griffo articula crítica e reverência, numa linguagem barroca que reivindica o excesso como estratégia discursiva. Através de suas pinturas, o artista faz uma contundente crítica social, abordando questões de poder, religião, questões raciais, política, etc. “O tema central do meu trabalho é a religião e como ela vem sendo usada como uma ferramenta de controle desde o Brasil colonial até a união das milícias com algumas igrejas evangélicas para dominar áreas na cidade”, conta o artista. “O trabalho do Griffo traz camadas bastante complexas, nas quais emergem relações entre religião, poder e patriarcado, além da questão da colonialidade. O interessante é como tudo isso se cruza com a história da arte, questionando qual é o papel da produção artística — e da própria arte — nesse contexto”, ressalta a curadora.

Para criar as obras, Griffo faz um profundo trabalho de pesquisa, indo aos locais retratados, vendo pessoalmente as pinturas que usa como referência, estudando os personagens. Sobre o título da exposição, “Alto Barroco”, a curadora explica: “Vem de uma constatação do excesso, do lugar e função do ornamento, pensando o Barroco na contemporaneidade. O barroco é o excesso, a saturação, mas também a confusão dos limites; é simultaneamente a dominação e a resistência. A gente joga com essa ambiguidade”.

SOBRE OS PARTICIPANTES DA CONVERSA 

André Griffo (Barra Mansa, 1979. Vive e trabalha no Rio de Janeiro). Entre suas principais exposições individuais destacam-se: Exploded View (Galeria Nara Roesler, Nova York, 2023); Voarei com as asas que os urubus me deram (Galeria Nara Roesler, São Paulo, 2022); Objetos sobre arquitetura gasta (Centro Cultural São Paulo, 2017); Intervenções pendentes em estruturas mistas (Palácio das Artes, Belo Horizonte, 2015). Também apresentou obras em coletivas como: – From the Ashes, London, UK, 2024; Contratempo, Museu Eva Klabin, Rio de Janeiro, Brasil, 2024. Parada 7 Arte em Resistência (Centro Cultural da Justiça Federal RJ, 2022); Casa Carioca (Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, 2020/21); Sobre os ombros de gigantes, Galeria Nara Roesler, NY, EUA, 2021; 21ª Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (Sesc 24 de Maio, São Paulo, 2019); Ao amor do público (Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, 2015); Aparições (Caixa Cultural, Rio de Janeiro, 2015); e Instabilidade estável (Paço das Artes, São Paulo, 2014). possui obras em importantes coleções públicas e privadas, tais como: Denver Art Museum; Kistefos Museum (Noruega); Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro); Museu da Fotografia (Fortaleza, CE); Instituto Itaú Cultural (São Paulo) e Instituto PIPA (Rio de Janeiro).


Juliana Gontijo (Rio de Janeiro, 1980) é curadora, pesquisadora e professora adjunta na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É doutora em História e Teoria das Artes pela Universidad de Buenos Aires, com formação em Estudos Cinematográficos (Université Sorbonne Nouvelle) e em História da Arte e Arqueologia (Université Le Mirail). É autora do livro Distopias Tecnológicas (Ed. Circuito, 2014), vencedor da Bolsa de Estímulo à Produção Crítica da Funarte. Atuou como curadora da 9ª Bolsa Pampulha, integrou o comitê curatorial da 21ª Bienal Sesc_Videobrasil e realizou curadorias em instituições como Centro Cultural Banco do Brasil, Casa do Povo, Centro Cultural São Paulo, Paço das Artes, Centro Cultural Parque de España (Argentina). Entre seus projetos recentes, destacam-se Baile Circular (MUNTREF, Buenos Aires, 2024), Manto em Movimento (Casa do Povo e MAC USP, São Paulo, 2023), Kwá yepé turusú yuriri assojaba tupinambá (Galeria Fayga Ostrower, Brasília, e Casa da Lenha, Porto Seguro, 2021) e Cildo Meireles: Cerca de Lejos (Centro Nacional de Arte Contemporáneo Cerrillos, Santiago, Chile, 2019).

Christina Vital é Professora Associada vinculada ao Departamento de Sociologia e Metodologia das Ciências Sociais e ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal Fluminense. É bacharel e licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, mestre em Antropologia e Sociologia pela Universidade Federal do Rio (PPGSA/IFCS) e doutora em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro PPCIS/UERJ com estágio de doutoramento no Centre de Recherche sur le Brèsil Contemporain na École de Hautes Études en Sciences Sociales. É bolsista de produtividade do CNPq. Coordena o LePar Laboratório de estudos sócio antropológicos em política, arte e religião, integra a coordenação do grupo de pesquisa EXTREMOS, uma iniciativa de Michel Gherman (UFRJ), e a Rede de Pesquisadores Luso-Brasileiros de Artes e Intervenções Urbanas, esta coordenada por Glória Diógenes (UFC) e Ricardo Campos (Universidade Nova de Lisboa). Ao lado de Ronaldo Almeida (UNICAMP) deu início e coordenou o Comitê Laicidade e Democracia da Associação Brasileira de Antropologia entre 2019 e 2022 e atualmente é membro regular. É autora do livro ORAÇÃO DE TRAFICANTE: UMA ETNOGRAFIA (Ed. Garamond; FAPERJ, 2015) e co-autora de RELIGIÃO E POLÍTICA: MEDOS SOCIAIS, EXTREMISMO RELIGIOSO E AS ELEIÇÕES 2014 (2017), RELIGIÃO E CONFLITO (Ed. Prismas, 2016), RELIGIÃO E POLÍTICA: UMA ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO DE PARLAMENTARES EVANGÉLICOS SOBRE O DIREITO DE MULHERES E DE LGBTS NO BRASIL (2012), entre outros livros e artigos acadêmicos e em jornais e revistas nacionais e internacionais. É editora do periódico científico Religião Sociedade Qualis Capes A – e é colaboradora ad hoc do Instituto de Estudos da Religião – ISER desde 2002. Tem experiência em Sociologia e Antropologia da Religião e Urbana com ênfase nos seguintes temas: religião, política e demanda por direitos; religiões no judiciário; arte urbana e religião; religião e criminalidade violenta em favelas e periferias.

Serviço: Conversa na exposição Alto Barroco
Dia 12 de julho de 2025, às 15h
Sala dos Archeiros, Paço Imperial
Praça XV de Novembro, 48 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Entrada gratuita
Exposição Alto Barroco
Até 10 de agosto de 2025
Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial [Térreo, 1° e 2° pavimentos]

Praça XV de Novembro, 48 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Terça a domingo e feriados, das 12h às 18h.
Entrada gratuita
Curadoria: Juliana Gontijo
Patrocínio: Itaú Unibanco através da Lei Rouanet
Apoio: Galeria Nara Roesler
Produção: Tisara Arte Produções

Advertising