OLHE PARA CIMA – ESPAÇOS EM SUSPENSÃO

Mostra de decoração e arte reúne arquitetos e artistas plásticos no Atelier Fernando Jaeger no Rio

Foi num momento introspectivo na sede do Ateliê Fernando Jaeger – uma simpática casa encravada numa rua tranquila do Jardim Botânico – que Regina Kato, sócia da marca no Rio, olhou para o alto e começou a imaginar uma exposição diferente… E se, em vez das paredes, as obras pendessem dos tetos aproveitando o pé-direito alto, de 4,5m de suas salas? E foi assim que começou a nascer a exposição Olhe para Cima – Espaços em suspensão, que fica aberta ao público até o dia 11 de outubro. 

– É algo bem diferente, inovador e lúdico. Uma exposição aérea, não somente com móbiles e peças pendentes, mas com verdadeiras instalações que ocupam todo o teto e não somente uma parte – afirma Regina.

Com curadoria de Simone Raitzik, a mostra reúne oito duplas formadas por um artista plástico e um arquiteto, designer de interiores ou cenógrafo. Além de ambientar cada uma das salas da casa, eles criaram obras exclusivas, realizadas com materiais diferentes em cada um dos espaços transformando a loja numa grande galeria de arte e design.

– Acho que demos um desafio para os artistas que precisaram resolver como ocupar esse pé-direito generoso, sem interferir demais, nem ficar pesado no ambiente. E o resultado está bastante interessante, com ideias completamente diferentes – conta Simone.

Sempre importante na decoração, a iluminação também ganhou atenção especial das duplas. Em praticamente todos os ambientes, saem de cena as luminárias da marca e entram peças exclusivas criadas para a exposição pelos artistas e designers de forma a dialogar com seus ambientes. 

Participam do evento: o arquiteto Pedro Rivera com o artista plástico (e seu irmão) João Rivera; a designer de interiores Camila Niskier com Thomaz Velho; o designer Diego Raposo e a artista Gabriela Batista; a arquiteta Alice Tepedino com a artista plástica Alice Gelli; o cenógrafo e designer Alê Teixeira com a artista Patricia Secco; a Grão Arquitetura com Elizabeth Rocha;  o arquiteto Miguel Capanema com Danielle Cukierman; a cenógrafa Constanza de Cordova com a artista Maria Alice Salgado. Além das oito salas ambientadas, o corredor da casa também vai exibir bordados de Patricia Secco. 

Confira a seguir quatro dos oito ambientes, que poderão ser visitados até o dia 11 de outubro. O Atelier Fernando Jaeger fica na Rua Corcovado 252, Jardim Botânico. 

Realce: Pedro Rivera e João Rivera @pdvr_arquitetos e joaorivera.com

Num raro trabalho em dupla, os irmãos Pedro (arquiteto) e João Rivera (artista plástico) optaram por fazer poucas interferências no espaço – o único externo da mostra – que já tem, naturalmente, a exuberância dos jardins e todos os elementos da arquitetura original da casa. Assim, enquanto Pedro selecionou os diversos banquinhos de madeira de Fernando Jaeger para a ambientação; João trouxe os móbiles que cria com os produtos que garimpa por aí. Nas suas peças, há de tudo um pouco: varetas de bambu, cortininhas de plástico, lanternas japonesas de papel de seda, bowls, copos descartáveis, boia de pesca, funil de silicone, mata-mosca. Objetos díspares usados de forma harmônica e lúdica para dialogar com o ambiente já existente na área externa da casa.

DA TERRA, A TERRA: Camila Niskier e Thomaz Velho @camilaniskierinteriores e @thomazvelho

As casas de chá japonesas foram a inspiração da dupla que criou um ambiente quase visceral, em que a terra surge como elemento principal. No espaço que costuma exibir os tecidos da marca, são eles que ganham protagonismo. Tingidos com chá, café e tinturas minerais, eles ganham as paredes do espaço como lambe-lambes. Do teto, pendem móbiles de cerâmica e metal criados pelo artista Thomaz Velho. Tudo é muito orgânico e criado de uma forma que pouco se nota a presença da mão humana, como se cada peça fosse naturalmente assim…

Espaço do efêmero – materiais naturais e reciclados: Alice Tepedino e Alice Gelli @aia_estudio e @alicegelli

A efemeridade dá o tom no espaço criado a quatro mãos pelas Alices Tepedino (arquiteta) e Gelli (artista plástica). As peças em cerâmica moldadas à mão livre pela segunda foram combinadas com materiais naturais como palha e bucha vegetal e usadas lado a lado com uma luminária desenvolvida com material plástico reciclado. O azul petróleo reveste todo o espaço dando ainda mais destaque às obras de arte e móveis selecionados. A composição de cerâmica foi pensada de modo a guiar o olhar para cima. As obras começam na altura do horizonte e terminam no alto da outra parede, lá onde o pescoço precisa se inclinar para alcançá-la. Essa relação espacial gera não só uma sensação de contorno, mas também de perspectiva, uma vez que as obras são tridimensionais e podem ser observadas de diferentes pontos de vista.

Blue Velvet.Sente: Patricia Secco e Alê Teixeira

@patriciaseccoarte e @alearteale

A elegância de Blue Velvet, o filme cult dirigido por David Lynch nos anos 1980, foi a inspiração de Patricia Secco e Alê Teixeira para o seu espaço. Pensado como sala de estar dos atores que interpretam os papéis principais: a bela Isabella Rosselini que fazia par com Dennis Hopper, o ambiente ganhou um céu azul estilizado criado a partir de uma organza – que passa por uma técnica de aquecimento japonesa. Outras obras que chamam a atenção são uma instalação de cadeiras Fernando Jaeger (em todos os tons de azul) empilhadas e a escultura Árvore Branca. Casulos brancos e azuis adornam os sofás azulões eleitos pela dupla para o espaço.

Serviço:

OLHE PARA CIMA – ESPAÇOS EM SUSPENSÃO

Atelier Fernando Jaeger

Rua Corcovado, 252. Jardim Botânico

Visitação: segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 15h.